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Adoecimento emocional e o preço do machismo: Por que o Brasil ainda mata mulheres?

  • Foto do escritor: Eduardo Alves
    Eduardo Alves
  • 14 de out.
  • 2 min de leitura

Por EVELYN BOMFIM, aluna da 2ª série do EM.


Banco de imagens wix
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Nos últimos anos, há evidências cada vez mais fortes de que o sofrimento psíquico das

mulheres no Brasil está aumentando, tanto em função das pressões sociais quanto pela

desigualdade de gênero. Segundo a pesquisa “Esgotadas: empobrecimento, a sobrecarga de cuidado e o sofrimento psíquico das mulheres”, realizada pela ONG Think Olga em maio de 2023, 45% das mulheres no país relataram já ter diagnóstico de ansiedade, depressão ou outro transtorno mental. Outros estudos confirmam que mulheres apresentam taxas de depressão entre 2,5 a 3 vezes maiores que as dos homens quando se trata de diagnóstico médico. Dados do IBGE apontam que, em 2019, cerca de 10,2% da população adulta declarou ter recebido diagnóstico de depressão, sendo a proporção significativamente maior entre as mulheres (reflexo de uma realidade marcada pela sobrecarga emocional, dupla jornada e desigualdade social persistente).



Esse adoecimento emocional convive com a escalada dos feminicídios, uma consequência

extrema do machismo estrutural que persiste no país. Desde que o crime de feminicídio foi

tipificado por lei em 2015, pelo menos 11.859 mulheres foram vítimas desse tipo de crime até janeiro de 2025. O ano de 2024, por sua vez, registrou 1.459 casos, o maior número da série histórica recente, o que representa uma média de quatro mulheres mortas por dia em contextos de violência doméstica, familiar ou por discriminação. Esse dado expressa não apenas a falha das políticas de proteção, mas também o quanto o adoecimento emocional, fruto de uma socialização machista que mina a autonomia, normaliza a opressão e adia a responsabilização dos agressores, pode evoluir para violência física quando não há mecanismos eficazes de intervenção social, jurídica e comunitária.


A realidade, muitas vezes ignorada, é que a sociedade brasileira ainda carrega padrões

machistas e patriarcais enraizados desde o período colonial. Esses valores, passados de geração em geração, consolidaram uma cultura que associa masculinidade à dominação e feminilidade à submissão. Isso leva muitas pessoas a confundirem amor com posse, controle com cuidado e ciúme com demonstração de afeto. Ao romantizar comportamentos abusivos, a sociedade normaliza a toxicidade nas relações e alimenta o ciclo de violência que, em seus casos mais graves, termina em feminicídio.


Portanto, é urgente compreender que o combate à violência contra a mulher não se limita à

punição dos agressores, mas também à transformação cultural e emocional da sociedade. É

preciso investir em educação emocional, em políticas públicas de saúde mental e em

campanhas que desfaçam a lógica de poder que sustenta o machismo. Enquanto o país

continuar negligenciando o sofrimento psicológico e perpetuando a desigualdade de gênero, o Brasil seguirá adoecido e as mulheres continuarão pagando o preço mais alto: suas próprias vidas.






Referências Bibliográficas:


• THINK OLGA. Esgotadas: empobrecimento, a sobrecarga de cuidado e o sofrimento

psíquico das mulheres. Maio de 2023. Disponível em:


45-das-mulheres-mostram-algum-tipo-de-transtorno-mental.htm.


• IBGE / Governo Federal. Saúde Mental no Brasil: Fatos e Números. 2022. Disponível


familia/fatos-e-numeros/5.SADEMENTALLTIMAVERSO10.10.22.pdf.


• O TEMPO. Brasil tem média de 1.000 feminicídios por ano desde criação do crime


media-de-1-000-feminicidios-por-ano-desde-criacao-do-crime-na-lei.


• UOL NOTÍCIAS. Brasil tem recorde de feminicídios: quatro mulheres são mortas por


estado/2025/06/12/brasil-tem-recorde-de-feminicidios-4-mulheres-sao-mortas-por-

dia.amp.htm.

1 comentário

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Vania Pereira da Silva
16 de out.
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Texto impecável e abordagem sensível de um tema tão caro à todas mulheres😍

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